PM morto por Covid-19 queixou-se de condições de trabalho e de falta de atendimento médico

O soldado PM Jocélio Melo Pereira, 32, morreu hoje em decorrência da Covid-19. Em uma conversa por Whatsapp, à qual o Blog Escrivaninha teve acesso, o militar comenta sobre as más condições de trabalho e a dificuldade em ser atendido. O PM alega ainda ter sido infectado enquanto trabalhava.

Mortes de profissionais da segurança por Coronavírus são mantidas em segredo

Para não arruinar a narrativa oficial criada em torno da pandemia, muitas entidades, políticos e líderes religiosos calam-se sobre o efeito devastador do Coronavírus nas forças de segurança. Saber o número exato de profissionais que morreram de Covid é uma tarefa árdua. Não há contabilização sistemática das vítimas, muito menos divulgação pública. As notas de pesar em redes sociais, quase em sua totalidade, são publicadas sem qualquer menção à doença. Evita-se a todo custo falar sobre as causas de tantos óbitos, embora todo mundo saiba o motivo.

A cor dos (nossos) mortos

Quando o Estado omite a informação da raça do indivíduo morto, nega a ele o direito derradeiro a uma identidade pública. Trata-o como um qualquer. Pior: nega aos que ainda estão vivos e são da mesma cor a chance de implementação de uma política efetiva de inclusão, já que não há como discutir política pública, não importa qual o âmbito em questão, desconsiderando a etnia. Pois é ela, a raça/etnia, um traço de identidade que define o destino de muitos indivíduos. Se o é em vida, que o seja em morte.

Sobre Izolda Cela, juventudes, prevenção e a política de contenção do Estado do Ceará

Izolda Cela é um símbolo de como as políticas integrais de prevenção deram lugar a uma política de segurança pública de contenção ao longo do governo Camilo Santana (PT). Nomeada coordenadora-executiva do Pacto por um Ceará Pacífico, programa que tentou repetir o êxito do Pacto pela Vida pernambucano, a vice-governadora assistiu à silenciosa transformação da proposta original em um modelo de segurança pública voltado primordialmente para o policiamento tático.

Ceará registrou 38,7 mil homicídios na última década (2011-2020)

Ao longo de toda essa década, 38.743 pessoas foram assassinadas no Ceará. São números de uma guerra que não pode ser minimizada. São pais, irmãos, filhos e esposas que tiveram suas trajetórias pessoais interrompidas de modo violento. É preciso lamentar até mesmo pelas pessoas “envolvidas” no crime, uma expressão que é, ao mesmo tempo, uma sentença de morte. Não é admissível que nos conformemos com isso, que a perda de tantas vidas se torne parte do nosso cenário social, como se fosse algo tão natural e aceito como mais um ano de seca.

Um balanço sobre os números da violência letal no Ceará em 2020

Os números finais dos homicídios em 2020 no Ceará foram publicados no site da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) no começo da noite do último dia 20. Foram registrados 4.039 assassinatos em um ano que teve desde motim de policiais militares a medidas de isolamento social causado pela pandemia da Covid-19. Em 2019, para efeitos de comparação, foram contabilizados 2.257 crimes violentos letais intencionais (CVLIs).
No Ceará, 145 pessoas foram mortas por intervenção policial em 2020. Número é maior que 2019, mas menor que os anos de 2017 (161 mortes) e 2018 (221 mortes). Vínculo entre homicídios e mortes por intervenção é perceptível. Essa correlação foi quebrada somente em 2015.

Repressão à manifestação foi completamente incompatível com os princípios básicos do Estado de Direito, afirma Copen

Cláudio Justa, presidente do Conselho Penitenciário do Ceará (Copen), participou na manhã de hoje, dia 23, de uma reunião do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas da Defensoria Pública do Estado (NDHAC) para acompanhar a escuta das vítimas e testemunhas no caso do protesto na SAP. De acordo com o relato dele, a conduta da Polícia Militar foi completamente incompatível com os princípios básicos do estado de Direito. “Uso abusivo da força ficou patente além da nítida intenção não de conter ameaça de distúrbios, mas sim de reprimir o próprio direito constitucional à manifestação.
As agressões também foram seletivas, com militantes negros como alvos. Um protesto pacífico, com a presença de mulheres, crianças e religiosos da Pastoral Carcerária foi reprimido, de modo injustificável, com spray de pimenta, balas de borracha e, pasmem, com uso de munição letal”, afirmou.

Entidades da sociedade civil repudiam repressão desproporcional da PM do Ceará contra manifestantes

A resposta desproporcional da PM do Ceará a uma manifestação de mães e familiares do sistema pena, na tarde de ontem, em pleno Dia da Consciência Negra (20 de novembro), foi alvo de uma série de críticas e repúdios públicos. Conforme revela o jornal O POVO, a ação violenta promovida pelo Batalhão de Choque será investigada pelo Núcleo de Investigação Criminal do Ministério Público estadual (MPCE). O procurador geral de Justiça, Manuel Pinheiro, teria encaminhado um vídeo ao promotor Humberto Ibiapina, coordenador da área, para abertura do procedimento.

Agosto registra o menor número de homicídios do ano no Ceará

Após um pico nos índices de violência letal entre fevereiro e maio, a estatística da violência no Ceará volta a decrescer. Com 260 homicídios, o mês de agosto é o menos violento de 2020 até o momento. O número é menor que o observado em janeiro, quando foram contabilizados 265 assassinatos. Neste ano, o Estado registra 2.802 crimes violentos letais intencionais (CVLI). Trata-se de um crescimento de 88% na comparação com o mesmo período de 2019.

O desafio de construir uma política consistente na área da segurança pública

O sucessor de André Costa, o também delegado federal Sandro Luciano Caron, vem da área da inteligência policial. Trata-se, por certo, de um ponto ainda vulnerável na segurança pública estadual. As condições tecnológicas estão postas. Falta, contudo, maior integração entre as polícias e, principalmente, pagar a dívida histórica com a Polícia Civil, corporação sucateada há pelo menos 30 anos.