Quando se trata de uma decisão política, de um projeto de poder, o abandono do SUSP se explica perfeitamente bem, haja vista que a ideia de um “sistema único de segurança pública” soa destoante de um cenário no qual as elites estão se armando de forma indiscriminada e na qual os freios às ações violentas dos agentes públicos são quase inexistentes, dada a ausência de qualquer reprimenda estatal, nem sequer ao menos um lamento, sobre as vidas ceifadas durante as operações policiais. Na lógica de guerra, são apenas danos colaterais. Ao contrário dos esforços privatizantes de Paulo Guedes na Economia, a segurança no Brasil obteve mais êxito em seu processo de privatização.
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Armas de fogo sim, máscaras não: o extermínio como política
No mesmo dia em que mais uma vez deu mostras de indignação sobre o uso de máscara para prevenção da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro ostentou em sua live semanal a réplica de um fuzil produzida por um artesão cearense, motorista aposentado da Polícia Federal, com peças de veículos usados. Para quem se pergunta sobre qual o posicionamento do poder público em relação a tantas mortes ocorridas em operações policiais, o contentamento de Bolsonaro com a possibilidade de uso de uma arma de fogo real em uma comunidade não deixa dúvidas que tais ações são chanceladas e amparadas por instâncias superiores.
Manual prático do contragolpe (I)
A ameaça de um autogolpe é sempre empregada quando o Governo Federal se vê em apuros. A ideia é manter a oposição constantemente temerosa, como se a possibilidade de uma virada de mesa estivesse na manga. É preciso criar vacinas para que isso não aconteça. Tempo e condição para tanto existem. Talvez faltem estratégia e articulação. O título da coluna de hoje é uma referência ao livro Golpe de Estado: manual prático, escrito pelo estrategista militar e cientista político Edward Luttwak. Apesar da provocação, a obra não ensina a dar um golpe, mas aborda de forma didática elementos em comum que levam um governo a ser deposto.
Luta dos policiais contra perda de direitos é tema de live nesta quinta, dia 8
Segmentos organizados de policiais em todo o país protestaram contra os retrocessos promovidos com a aprovação e promulgação da PEC 186/2019 que congelou direitos das categorias da segurança pública, assim como dos servidores públicos em geral. Os atos serviram também para as entidades protestarem contra outra PEC, a 32, da reforma administrativa, que já começouContinuarContinuar lendo “Luta dos policiais contra perda de direitos é tema de live nesta quinta, dia 8”
Mortes de profissionais da segurança por Coronavírus são mantidas em segredo
Para não arruinar a narrativa oficial criada em torno da pandemia, muitas entidades, políticos e líderes religiosos calam-se sobre o efeito devastador do Coronavírus nas forças de segurança. Saber o número exato de profissionais que morreram de Covid é uma tarefa árdua. Não há contabilização sistemática das vítimas, muito menos divulgação pública. As notas de pesar em redes sociais, quase em sua totalidade, são publicadas sem qualquer menção à doença. Evita-se a todo custo falar sobre as causas de tantos óbitos, embora todo mundo saiba o motivo.
A militarização das escolas e a ofensa à constituição federal
No Ceará, os municípios de Sobral e Maracanaú aderiram ao programa. Muitos familiares indicam que acreditam no modelo por considerar que reduzirá a violência nas comunidades. É possível identificar alguns problemas após a implantação do programa, como a diminuição da liberdade de pensamento e pluralismo de ideias; a submissão de civis à disciplina militar e a questão da liberdade sindical.
Como o “nós e eles” divide o Brasil em um cenário de pandemia
Na obra “Como as democracias morrem”, algumas características nos ajudam a reconhecer líderes autoritários. Dentre elas ressaltamos o ataque a rivais partidários, encorajamento à violência contra aqueles que não compartilham de suas ideais, e, por fim, propensão a restringir liberdades, nesse caso a de expressão por parte da mídia. É possível notar não só o viés autoritário do governo federal como também sua propensão a dicotomizar e rivalizar, dividindo o cenário político e social entre “nós” e “eles”.
Negacionismo e armamento da população são ameaças à vida dos próprios policiais
O discurso de que a segurança pública e o combate à corrupção seriam prioridades convenceu muita gente de que a sensação de insegurança acabaria se o país estivesse sob uma nova direção. Na prática, porém, os profissionais de segurança passaram a correr riscos desnecessários sem que houvesse a contrapartida devida. Destaco duas fontes permanentes de insegurança para quem atua nessa área: o negacionismo acerca do Coronavírus e a política de liberação do uso de armas de fogo.
Com apoio de judiciário e órgãos de segurança, Bolsonaro investe em milicianização da sociedade
Estruturar milícias civis exige tempo e organização. Quando o governante possui o sistema de justiça criminal do seu lado, haja vista o modo como os familiares do presidente são blindados de toda e qualquer investigação, tal investimento de recursos e energia não se torna tão necessário. Basta insuflar volta e meia os aliados, mantendo permanentemente o clima de ameaça de uma ruptura institucional. Há um jogo de espelhos entre o poder que se tem e o superdimensionamento dele. É fundamental que possamos distinguir o que é blefe de uma cartada realmente decisiva.
Governo aprova isenção “ampla” de impostos para importação de armas de fogo
O fim do imposto não deverá beneficiar somente “o pessoal dos artigos 142 e 144 da Constituição”, mas qualquer pessoa que estiver apta a adquirir uma arma de fogo. A resolução da Câmara de Comércio Exterior que inclui revólveres e pistolas na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum dos países do Mercosul não prevê qualquer restrição a compradores. A alíquota zero para importação não deixa de ser mais um passo no processo de terceirização da segurança promovido pelo Governo Bolsonaro.
