Homicídios: um desafio para governos de esquerda e de direita

Governos petistas foram acusados durante a campanha eleitoral de serem coniventes com o crime organizado. Uma análise das dinâmicas da violência letal nos estados, contudo, mostra que os assassinatos ocorrem de forma complexa, independentemente da presença de armas de fogo na população, desmontando o argumento falacioso de “quanto mais armas menos mortes”.. No primeiro semestre de 2022 em comparação com o primeiro semestre do ano passado, o Brasil, como um todo, observou uma queda de 5% no número de assassinatos. Onze estados com baixa presença de armamento na população e nove estados com presença elevada de armas de fogo entre seus habitantes apresentaram decréscimo nos números da violência letal. Apenas sete estados registraram aumento no número de homicídios nesse período. Quatro deles apresentam uma forte presença de armamentos em meio à população: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Minas Gerais. O argumento do “mais armas menos mortes” não se sustenta do ponto de vista das estatísticas. O cenário é muito mais complexo e diverso do que a propaganda política quer fazer crer.

E se Jesus tivesse comprado uma pistola?

A história do Messias reescrita em um tom belicista, como descrita nesse breve conto, mostra o quão absurda é a vinculação entre cristianismo e a cultura armamentista atual. Trata-se de uma atitude de quem passou ao largo da leitura dos evangelhos. Há quem possa chamar esse fenômeno de “negacionismo cristão”. Jesus Cristo nunca pregou a violência armada, embora tivesse sido provocado a fazer isso. Se houvesse algum armamento parecido com pistola em sua época, certamente Ele teria sido morto com um tiro na cabeça em vez de ser crucificado.

Armamentismo: o que é ruim para os EUA é péssimo para o Brasil

Cultura armamentista estadunidense vem sendo replicada de forma acrítica pelo Governo Federal no Brasil como forma de minar o que há de público na área da segurança. Política resultou em aumento de mortes violentas e insegurança, tornando o EUA o país mais violento entre os mais ricos. Chacinas se alternam semana pós semana. No fim de semana, atletas da NBA se juntaram às críticas à falta de controle estatal sobre a circulação de armas de fogo. Essa falta de controle fez com que os Estados Unidos saltassem de 37 mil mortes por armas de fogo, em 2019, para 45 mil, no ano seguinte. Em números absolutos, o país só fica atrás do Brasil, cujas cifras giraram em torno de 50 mil no mesmo período. Das nações mais desenvolvidas, os EUA são, certamente, os mais violentos. A taxa de homicídio na “Terra dos Bravos” é 23 vezes maior que a da Austrália e 22 vezes maior que a da União Europeia como um todo. É esse o modelo de segurança que mais interessa ao Brasil?

Como a segurança foi terceirizada no Governo Bolsonaro

Quando se trata de uma decisão política, de um projeto de poder, o abandono do SUSP se explica perfeitamente bem, haja vista que a ideia de um “sistema único de segurança pública” soa destoante de um cenário no qual as elites estão se armando de forma indiscriminada e na qual os freios às ações violentas dos agentes públicos são quase inexistentes, dada a ausência de qualquer reprimenda estatal, nem sequer ao menos um lamento, sobre as vidas ceifadas durante as operações policiais. Na lógica de guerra, são apenas danos colaterais. Ao contrário dos esforços privatizantes de Paulo Guedes na Economia, a segurança no Brasil obteve mais êxito em seu processo de privatização.

Negacionismo e armamento da população são ameaças à vida dos próprios policiais

O discurso de que a segurança pública e o combate à corrupção seriam prioridades convenceu muita gente de que a sensação de insegurança acabaria se o país estivesse sob uma nova direção. Na prática, porém, os profissionais de segurança passaram a correr riscos desnecessários sem que houvesse a contrapartida devida. Destaco duas fontes permanentes de insegurança para quem atua nessa área: o negacionismo acerca do Coronavírus e a política de liberação do uso de armas de fogo.

Na América de Trump, homicídios dispararam em 2020. O que isso tem a ver com o Brasil?

Por Ricardo Moura De acordo com uma reportagem publicada pela National Public Radio, os homicídios nos Estados Unidos, assim como ocorreu no Brasil, cresceram de forma descontrolada em 2020, ano em que a pandemia do Coronavírus assolou o planeta. Em Chicago, os assassinatos aumentaram 50%, Los Angeles registrou um crescimento de 50% na violência letalContinuar lendo “Na América de Trump, homicídios dispararam em 2020. O que isso tem a ver com o Brasil?”