Em uma semana, dois inspetores da Polícia Civil do Ceará morrem por causa da Covid-19

Os inspetores da Polícia Civil do Ceará, Flávio Antonio Moreira Gomes (aposentado) e Gabriel Torres Júnior foram mortos em decorrência da Covid-19 na semana passada. A informação sobre os óbitos foi compartilhada no perfil do Instagram do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpol). Na ocasião, o sindicato reforçou os cuidados a serem tomados na prevenção à doença.

Com apoio de judiciário e órgãos de segurança, Bolsonaro investe em milicianização da sociedade

Estruturar milícias civis exige tempo e organização. Quando o governante possui o sistema de justiça criminal do seu lado, haja vista o modo como os familiares do presidente são blindados de toda e qualquer investigação, tal investimento de recursos e energia não se torna tão necessário. Basta insuflar volta e meia os aliados, mantendo permanentemente o clima de ameaça de uma ruptura institucional. Há um jogo de espelhos entre o poder que se tem e o superdimensionamento dele. É fundamental que possamos distinguir o que é blefe de uma cartada realmente decisiva.

Sobre Izolda Cela, juventudes, prevenção e a política de contenção do Estado do Ceará

Izolda Cela é um símbolo de como as políticas integrais de prevenção deram lugar a uma política de segurança pública de contenção ao longo do governo Camilo Santana (PT). Nomeada coordenadora-executiva do Pacto por um Ceará Pacífico, programa que tentou repetir o êxito do Pacto pela Vida pernambucano, a vice-governadora assistiu à silenciosa transformação da proposta original em um modelo de segurança pública voltado primordialmente para o policiamento tático.

Números da letalidade policial em queda: o bom exemplo que vem de São Paulo

A Polícia Militar de São Paulo, assim como ocorreu com a PM do Ceará, registrou um incremento em seus números de letalidade no primeiro semestre de 2020. Em vez de tratar a situação como se ela fosse inevitável, o comando da corporação adotou uma série de medidas visando à redução da violência letal. O resultado é promissor: nos sete meses em que as ações foram implementadas, as mortes por intervenção policial caíram 47,8. Com uma taxa de 0,48 morte por 100 mil habitantes, São Paulo caiu da 15ª para a 22ª posição entre os estados com maiores taxas de letalidade policial, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Ceará, por sua vez, ocupa a 14ª posição, com uma taxa que é o dobro da paulista (1,04 morte por 100 mil habitantes). Amapá é o estado mais violento da federação, com uma taxa de 8,12 mortes por 100 mil habitantes.

“Federalização” das polícias militares pode gerar caos institucional aos governadores

Embora possamos contestar determinados aspectos das atuais políticas de segurança, a melhoria delas não virá minando os poderes dos governos estaduais, mas sim por meio do fortalecimento das micropolíticas, da integração ainda maior com as prefeituras tendo em vista a adoção de medidas preventivas. A saída passa por uma descentralização radical e não pelo seu contrário, ou seja, a “federalização” das polícias militares.

Ceará registrou 38,7 mil homicídios na última década (2011-2020)

Ao longo de toda essa década, 38.743 pessoas foram assassinadas no Ceará. São números de uma guerra que não pode ser minimizada. São pais, irmãos, filhos e esposas que tiveram suas trajetórias pessoais interrompidas de modo violento. É preciso lamentar até mesmo pelas pessoas “envolvidas” no crime, uma expressão que é, ao mesmo tempo, uma sentença de morte. Não é admissível que nos conformemos com isso, que a perda de tantas vidas se torne parte do nosso cenário social, como se fosse algo tão natural e aceito como mais um ano de seca.

Um balanço sobre os números da violência letal no Ceará em 2020

Os números finais dos homicídios em 2020 no Ceará foram publicados no site da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) no começo da noite do último dia 20. Foram registrados 4.039 assassinatos em um ano que teve desde motim de policiais militares a medidas de isolamento social causado pela pandemia da Covid-19. Em 2019, para efeitos de comparação, foram contabilizados 2.257 crimes violentos letais intencionais (CVLIs).
No Ceará, 145 pessoas foram mortas por intervenção policial em 2020. Número é maior que 2019, mas menor que os anos de 2017 (161 mortes) e 2018 (221 mortes). Vínculo entre homicídios e mortes por intervenção é perceptível. Essa correlação foi quebrada somente em 2015.

Mapas revelam como os homicídios se distribuem espacialmente no Ceará

Entre 2019 e 2020, o número de municípios acima da faixa da taxa de 30,01 homicídios para cada 100 mil habitantes cresceram em aproximadamente 107,69%, passando de 39 cidades em 2019 para 81 cidades em 2020. Isto é, em torno de 44% dos 184 municípios cearenses. Esses resultados se refletem no aumento vertiginoso esperado de 79,03% entre 2019-2020 em todo o estado do Ceará.

Sob o império da crueldade

Poder, desproporção e gozo. Três elementos chaves para tentarmos entender por que tantos casos de violência contra mulheres e adolescentes, sejam elas cisgênero (indivíduo que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu) ou trans, envolvem tortura e mutilação. Não basta matar, é preciso infligir ainda mais dor e humilhação à vítima. As políticas de segurança pública precisam se orientar por recortes de gênero tanto na prevenção quanto na responsabilização dos autores.

Varíola, vacina e as lições da História

“Estava iniciado no Ceará o serviço de vacinação animal. O mais difícil estava realizado. Era necessário captar a confiança do público ou antes mover os indiferentes a aceitarem o salutar preservativo, convencer os anti-vacionistas de sua obstinação no erro”, assim Rodolfo Teófilo descreveu o início da campanha de vacinação contra a varíola. As lições e as experiências da peste que assolou o estado no século XIX.