A guerra como solução final nunca é a solução final e, sim, primeira. Se dizemos que é a solução final é porque só no final seu desejo se revela, no caso, um desejo fascista, pois a guerra é o desejo do fascismo em defesa da família, da pátria e de deus acima de tudo, o desejo do cidadão de bem, que quer o bem para todos fazendo o mal, destruindo todos aqueles que não defendem explicitamente a família, a pátria e deus acima de tudo, todos aqueles que não repetem o discurso fielmente. Todo fascista é um fiel religioso ainda que nem todo fiel religioso seja fascista, nem todos que defendam a família, a pátria e deus acima de tudo. O desejo fascista, do fascismo, não quer dizer que o desejo seja fascista. Deseja-se o fascismo, mas ele é, sobretudo, uma escolha consciente, um voto, uma declaração de voto no fascismo e aquilo que é a sua essência, a guerra. O fascismo é a eleição da guerra em defesa da família, da pátria e de deus acima de tudo.
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Os crimes de guerra sob a análise de Walter Benjamin
A guerra se tornou uma arte pela arte, a morte pela morte, uma retórica propriamente dita, sem ninguém para se responsabilizar por ela, é a banalidade do mal sobre a qual nos adverte Hannah Arendt em seguida a Benjamin, o crime perfeito que não deixa suspeito, o crime pelo qual não há nenhuma culpa e nenhuma desculpa. A morte pela qual não há nenhuma dor, sofrimento, nem tão pouco ressentimento. É o fascismo injetado nas veias por uma bomba atômica ou de fósforo que mata por dentro, imediatamente, de uma vez, por explosão, mas também aos poucos, conduzindo à morte agonizante por ódio mobilizado pela retórica da guerra que incita uma nação a cometer crimes de guerra sem culpa alguma por ela e pelos mortos nela, pois a culpa é sempre dos outros.
O desejo de guerrear como um delírio da violência da realidade na guerra
A retórica da guerra em tempos de paz é um desejo delirado de alguém delirante que é incapaz de viver em paz na realidade, quando a guerra delira o corpo e mente e o inconsciente, e suas máquinas desejantes, pulsa pela morte nas veias e no pensamento, e quando alguém já não se sente mais em segurança nem mesmo em casa. Tucídides, ao falar sobre as guerras entre os gregos antes da Guerra de Troia relatada por Homero em Ilíada, demonstra muito bem esse clima de insegurança vivido na realidade depois das guerras de pilhagem em que viviam os gregos.
Guerra e paz em um Estado de exceção
Quando o Estado declara guerra, a guerra não pode ser mais controlada. A questão é: por que a sociedade anseia tanto pela violência e pelo excesso de violência levando o Estado à guerra em vez da paz?
Declaração de guerra e o excesso de violência legitimado
Quando se declara guerra se chegou a uma situação limite de violência, quando a opressão a quem e o que somos ou à identidade se tornou intolerável. É em defesa de uma identidade em geral que se declara guerra quando a violência a ela chega ao que se considera um limite. Neste sentido, a declaração de guerra é uma declaração de que a violência chegou ou deve chegar ao limite, deve ser limitada. O paradoxo teórico e prático em relação a isto é óbvio, pois se busca com a guerra limitar a violência senão com mais violência.
“A questão Judaica: o pária como paradigma do agir e do pensar em Hannah Arendt”
Para a filósofa Hannah Arendt, importa entender o pária como paradigma da ação. Nesta direção o pária emerge como aquele que não se furta a viver na comunidade política, mesmo sabendo que não pertence a ela. O pária por sua condição está no mundo, mas não totalmente integrado a esse. Todavia, sabendo que este o lócus privilegiado da ação em meio aos olhares e a presença do outros assume o agir, como manifestação de responsabilidade e compromisso para com o mundo. O pensar, para Arendt, é uma possibilidade para obstar o mal.
Guerreiros ou guardiães?
Se o guerreiro militar é o tipo ideal de homem preparado para defender a sociedade e o Estado quando há guerra, contudo, ele é o tipo ideal de homem para guardar aqueles que vivem na sociedade e no Estado quando não há guerra? Qual o tipo ideal de homem para a Segurança Pública: o guerreiro ou o guardião?
As diferentes justificativas para a guerra
Dentro de suas reflexões sobre a relação entre segurança pública e guerra, o filósofo Jean Pierre enumera os diversos motivos alegados para que o conflito seja instaurado. Justificativas não faltam. No entanto, nem sempre o que está explícito no discurso oficial corresponde às causas reais pelas quais os sujeitos matam e morrem