Naquela manhã, foi cortando as ruas pensando mais na vida do que nos passos, até que deu com a cara no mar. O sol começava a tingir o céu, chegando junto com a primeira jangada em terra firme, todos os espólios divididos sobre a areia…
Arquivos da categoria: Linguagens da Violência
Não queremos ser Aldeota
Talvez, com um pouco mais de inteligência a gente consiga notar que esses territórios não querem ser a Aldeota, mas querem, sim, ser tratados pela prefeitura como se fossem o lugar onde moram os ricos
Que mistérios tem Jujuba pra fazer da alegria a morada do seu coração?
Com três posts de gratidão pelo celular comprado com os recursos de uma vaquinha virtual, ela se despediu dos internautas, antes de partir em sua última viagem de bicicleta pelo país que amava e elegeu como segunda pátria
A guerra sem limites
Uma guerra se reproduz quando há uma reprodutibilidade técnica da guerra ou quando há uma retórica da guerra. Tal como numa explosão atômica em que os átomos irradiam sua energia para outros e para tudo em sua volta, a guerra é uma explosão de violência. Quanto mais atingir, mais se reproduz.
Linguagens e sensibilidades da violência: como atravessar o fosso?
Como estabelecer uma ponte entre a academia, a rua e o grande público? O fosso existente ao longo dessa Fortaleza parece intransponível por vezes.
Verdades e mentiras sobre o que se conta da guerra
Quando Orson Welles transmitiu “A guerra dos mundos” numa peça radiofônica em 1938 e colocou cidades em pânico com pessoas pensando que era uma verdadeira invasão alienígena, dois mundos realmente entraram em guerra: o da realidade e o das ficções midiáticas, o mundo dos acontecimentos e o mundo dos relatos sobre acontecimentos, o mundo real e o mundo projetado pelas mídias. O mundo projetado pelas mídias é uma representação ou ficção da realidade que muitas vezes está em conflito com ela, com o que é vivo nela, com o que vive a realidade, por mais que as mídias defendam que o que fazem é “ao vivo”. Diferente do que as mídias dizem, não é a realidade o que mostram ao vivo e o que defendem é senão a morte da realidade do vivo. O relato e imagem ao vivo é, na realidade, um relato de sua morte, um desejo de morte da realidade e do que é vivo.
Do golpe à solução final, de Maquiavel a Walter Benjamin
A violência é uma solução para problemas, sejam eles pessoais, motivados por traumas passados, sejam eles sociais, econômicos e políticos, motivados pelo poder. É uma reação a algo que acontece com alguém. Um ato movido pelo desejo sem intermediários, um desejo de violência, um desejo que produz violência e se produz violentando. Pode-se “pensar” a violência, antecipá-la, premeditá-la, ensiná-la num curso preparatório mostrando, por exemplo, como não matar, mas também como se matar alguém numa viatura transformada em “câmara de gás”, como aprendem policiais, mas o ato de violência é reativo, uma reação ao momento, mesmo que se se prepare para ele longamente, à espera de um momento para pôr em prática a violência que aprendeu na teoria, quando a violência se torna um golpe ou a solução final. Assim os militares, do Exército e da polícia, esperam ansiosamente pôr em prática a violência aprendida na escola e resolverem os problemas, os seus e os sociais, econômicos e políticos por meio de um golpe, pondo uma solução final aos problemas. É através da guerra entre Estados e nações, ou nas ruas das cidades, que se anseia o golpe e solução para todos os problemas, uma guerra automática, movida por violências passadas, como pressupus no texto anterior.
Leo e Pedro, jovens do Jangurussu unidos pela arte
“Pedro”, o mais recente curta-metragem de Leo Silva, aborda a memória e as vivências infantis no bairro em que cresceu e que mora até hoje. Leo argumenta, contudo, que o filme não é uma autobiografia. A ideia de fazer o audiovisual nasceu da infância abreviada que teve, pois logo teve que assumir responsabilidades, como o trabalho. Os atores também são moradores do Jangurussu. Sobre a relação dos jovens com a comunidade, Leo Silva afirma que perdeu diversos amigos de infância para a violência armada e que a comunidade é um alvo fácil para a criminalidade. Apesar da falta de oportunidade atrapalhar o desenvolvimento profissional nas periferias, o cineasta destaca que é importante ter proatividade, como ele teve em buscar seus cursos.
Os crimes de guerra sob a análise de Walter Benjamin
A guerra se tornou uma arte pela arte, a morte pela morte, uma retórica propriamente dita, sem ninguém para se responsabilizar por ela, é a banalidade do mal sobre a qual nos adverte Hannah Arendt em seguida a Benjamin, o crime perfeito que não deixa suspeito, o crime pelo qual não há nenhuma culpa e nenhuma desculpa. A morte pela qual não há nenhuma dor, sofrimento, nem tão pouco ressentimento. É o fascismo injetado nas veias por uma bomba atômica ou de fósforo que mata por dentro, imediatamente, de uma vez, por explosão, mas também aos poucos, conduzindo à morte agonizante por ódio mobilizado pela retórica da guerra que incita uma nação a cometer crimes de guerra sem culpa alguma por ela e pelos mortos nela, pois a culpa é sempre dos outros.
Livro aborda o olhar de um policial-escritor sobre a violência em Fortaleza
A obra intitulada “Crônicas da periferia. Histórias de violência e redenção” será lançada nesta quinta-feira, dia 7, na Livraria Lamarca. No evento, será realizada uma exposição fotográfica com imagens que ilustram o livro. De acordo com o inspetor, a sua intenção é contar as histórias que já presenciou ao longo das ocorrências policiais. “As fotografias mostram a relação das pessoas com a violência. Elas não exploram cadáveres, mas demostram a realidade de violência que crianças e jovens estão inseridos desde cedo”, afirma Cláudio Marques.
