A Lei Maria da Penha, estabelecida em 2006, criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e induziu os estados a produzirem dados que possam contribuir para a constituição de um sistema nacional de informações que são fundamentais para as políticas públicas de enfrentamento da violência.Nesse sentido, visto que os estados têm um importante papel na produção de indicadores criminais, comunicadores do Nordeste com apoio do Instituto Sou da Paz realizaram um levantamento acerca da transparência de dados sobre crimes contra mulheres a partir dos sites das secretarias estaduais de segurança pública da região. Ceará, Pernambuco e Alagoas são os mais transparentes. Informações são fundamentais no combate à violência de gênero. O Blog Escrivaninha, em parceria com a Agência Eco Nordeste e a Cipó Comunicação Interativa, traça um panorama sobre como os governos da Região Nordeste lidam com o assunto.
Arquivos mensais:abril 2022
Sobre a crença fetichista no poder das armas de fogo
Há um pensamento mágico muito disseminado no Brasil de que estaremos todos mais seguros se andarmos armados por aí. “Cada criança com seu próprio canivete, cada líder com seu próprio 38”, como cantava Renato Russo. Trata-se de uma ideia tão estapafúrdia que não vale nem a pena discuti-la, em especial pelo fato que se trata de um debate viciado por ser patrocinado justamente por quem tem mais interesse em que a população adquira seus bens e produtos, ou seja, a indústria armamentista. Por que a crença na arma de fogo como proteção para todos os males ainda resiste? A resposta é complexa, mas a resposta diz respeito à dimensão fetichista inerente ao armamento que passa ao largo de qualquer explicação racional. Há até mesmo um termo clínico para isso: hoplofilia, ou seja, um amor exagerado por armas de fogo. Mais que um instrumento de proteção, a demanda oculta dos portadores de armas de fogo consiste em suprir uma carência no interior de uma masculinidade militarizada.
Os crimes de guerra sob a análise de Walter Benjamin
A guerra se tornou uma arte pela arte, a morte pela morte, uma retórica propriamente dita, sem ninguém para se responsabilizar por ela, é a banalidade do mal sobre a qual nos adverte Hannah Arendt em seguida a Benjamin, o crime perfeito que não deixa suspeito, o crime pelo qual não há nenhuma culpa e nenhuma desculpa. A morte pela qual não há nenhuma dor, sofrimento, nem tão pouco ressentimento. É o fascismo injetado nas veias por uma bomba atômica ou de fósforo que mata por dentro, imediatamente, de uma vez, por explosão, mas também aos poucos, conduzindo à morte agonizante por ódio mobilizado pela retórica da guerra que incita uma nação a cometer crimes de guerra sem culpa alguma por ela e pelos mortos nela, pois a culpa é sempre dos outros.
Feminicídio: um crime de Estado
O Estado não apenas falha, mas se omite em se tratando do homicídio de mulheres. Vale ressaltar que a palavra “feminicídio” foi suprimida do atual Plano Nacional de Segurança. Em apenas uma semana, três mulheres foram assassinadas no Ceará por maridos e ex-companheiros. Enxergar o feminicídio como uma anomalia e não como um sintoma só serve para que possamos varrer o problema para debaixo do tapete. Conforme os estudos da área, o assassinato de uma mulher tem sua origem a partir de agressões verbais, de crimes cometidos e classificados como de menor gravidade, quase inofensivos, nas ameaças recorrentes, nos abusos cotidianos que ficam impunes. Os efeitos sociais dessa masculinidade perversa podem ser observados diariamente. São sinais de alerta que teimamos em não reconhecer e que por vezes não obtêm a resposta adequada do poder público.
Livro aborda o olhar de um policial-escritor sobre a violência em Fortaleza
A obra intitulada “Crônicas da periferia. Histórias de violência e redenção” será lançada nesta quinta-feira, dia 7, na Livraria Lamarca. No evento, será realizada uma exposição fotográfica com imagens que ilustram o livro. De acordo com o inspetor, a sua intenção é contar as histórias que já presenciou ao longo das ocorrências policiais. “As fotografias mostram a relação das pessoas com a violência. Elas não exploram cadáveres, mas demostram a realidade de violência que crianças e jovens estão inseridos desde cedo”, afirma Cláudio Marques.