Izolda Cela e o desafio do machismo na segurança pública do Ceará

O Ceará assistiu a uma disputa velada sobre quem comandaria os rumos da política no Estado. Izolda Cela representa um modelo de compreensão sobre a segurança pública mais complexo e plural que vai além do ethos guerreiro, cuja lógica pautou todos os governantes até agora. Os gestos da governadora se insurgem contra essa lógica: não são estridentes, mas possuem consequências. São ações que, sem alarde, provocam mudanças sutis, mas duradouras.

A quem interessa a violência política?

Enquanto escrevia essa coluna, recebi a notícia de que um guarda municipal foi assassinado em sua festa de aniversário de 50 anos, em Foz do Iguaçu (PR). O tema da comemoração homenageava o ex-presidente Lula. Um policial penal invadiu o local armado aos gritos de “É Bolsonaro” e falando palavrões. Em seguida, disparou contra a vítima. Mesmo baleado, o guarda conseguiu reagir e efetuou cinco disparos no agressor, que foi levado ao hospital e não corre risco de morte.
Esse atentado é o ponto culminante de uma sequência de casos aparentemente isolados ocorridos nas duas últimas semanas e que elevaram a temperatura de um pleito que, por si só, seria incandescente: drone jogando dejetos em ato de campanha em Minas Gerais; bomba de fezes lançada em evento político no Rio de Janeiro; redação de jornal sendo alvejada em São Paulo e carro de juiz alvo de ataque. Tudo isso sem levar em consideração os diversos parlamentares ameaçados de morte por sua atividade pública. A quem interessa esse atos violentos?