Por Ricardo Moura
Com a redução na idade dos vacinados em Fortaleza, as disputas territoriais entre facções criminosas passaram a se inserir de ver no cotidiano da campanha de vacinação contra a Covid-19 realizada pela Prefeitura. Desde o domingo passado, dia 8, jovens a partir de 24 anos podem ser imunizados na capital cearense. No entanto, profissionais da área da Saúde revelaram ao Blog Escrivaninha que pessoas com a data agendada para se vacinar esta semana estão com medo de se deslocarem até o ponto de vacinação pelo fato de o equipamento público estar situado em um território pertencente a uma facção rival. Pelo menos quatro jovens com idades entre 22 e 23 anos já perderam a vacina e agora tentam de alguma forma se vacinar em unidades de saúde próximas aos seus locais de moradia.
Até o momento, foram identificados casos de jovens sem vacinas por causa das facções nos bairros do Lagamar e do São João do Tauape, áreas dominadas pela facção Guardiões do Estado (GDE). Até mesmo o Centro de Eventos, um dos principais pontos de vacinação da população em Fortaleza, estaria com seu acesso inviabilizado por causa das desavenças existentes entre os dois grupos. Conforme o Blog apurou, por ser localizado no bairro Edson Queiroz, o espaço estaria incrustado em um território da GDE. Os primeiros relatos de perda da vacina ocasionadas pelo conflito territorial entre gangues foram registrados ainda na segunda-feira, dia 9. Hoje, novas ocorrências do gênero se sucederam.
“O Centro de eventos está justamente no território que pertence à facção rival dos bairros em que moram esses jovens. Então, devido a isso é que eles não estão se deslocando. É o caso de muitos jovens. A gente pegou esse relato hoje, quinta-feira, mas desde segunda essa demanda é crescente. Querem tomar na nossa unidade de saúde porque eles não querem se deslocar pra esse território. Alguns até já perderam eh a primeira dose”, explica um dos profissionais entrevistados pelo Blog.
Em relação à possibilidade de mudança do local da vacinação, o profissional explica que a prefeitura só abre exceção quando a marcação da vacina se insere em uma unidade do mesmo bairro: “No caso do Centro de Eventos, que pertence a um bairro diferente, a gente recomenda, de forma oficiosa, que a pessoa vá em horários matinais para que a vacina possa ser aplicada de uma forma mais segura”. Segundo o entrevistado, a solução formal ainda não foi definida, haja vista o caráter inusitado da situação.
“Há um risco de esses jovens não serem vacinados justamente devido a esse confronto. A gente não tinha esse fenômeno nas etapas anteriores. À medida em que a vacinação avançou nessas idades abaixo de trinta anos começaram a aparecer esses fenômenos, começou a aparecer essa demanda de mudança do local. A gente teve de ajustar essa conduta, sobre como é que a gente faz para proceder nessa circunstância”, alega o profissional.
Vacinação em Fortaleza
O Ceará recebeu, no fim de semana passada, 316.360 doses de vacinas contra a Covid-19. Desse total, 143.200 são da CoronaVac e 173.160 da Pfizer. Dados dos último dia 28 revelam que 1,9 milhão de vacinas foram aplicadas em Fortaleza (1,4 mi da primeira dose e 500 mil da segunda dose).
Esperamos uma iniciativa do Poder Público…
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