Na terceira reportagem da série sobre o impacto da Covid-19 entre os profissionais da segurança pública, abordamos a situação da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF). Os agentes começaram a ser vacinados em abril, mas quem não mora na Capital se queixa pela falta de imunização.
Por Vivian Sales e Ricardo Moura
A Guarda Municipal possui um relevante papel como força auxiliar dos órgãos de fiscalização para que os decretos de isolamento social sejam respeitados pela população. Somente neste fim de semana, entre os dias 7 a 9, a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) e a Guarda Municipal de Fortaleza encerraram 11 atividades e eventos irregulares com aglomeração. Os profissionais, que estão na linha de frente da prevenção, aguardam a chegada de mais vacinas, conforme anúncio feito em abril pelo Governo do Estado.
A Guarda Municipal de Fortaleza perdeu 12 servidores, entre ativos e inativos, por causa da Covid-19. Desde o dia 11 de abril, início da vacinação dos profissionais das forças de segurança contra a Covid -19 em Fortaleza, cerca de 550 guardas municipais que atuam na linha de frente já receberam a primeira dose da vacina, em um efetivo total de 2,3 mil guardas. A categoria que atua nas forças de fiscalização de Fortaleza é considerada grupo de urgência à vacinação segundo as orientações do Ministério da Saúde.
De acordo com a assessoria de comunicação da GMF, o Núcleo de Atenção Biopsicossocial (Nusoci) da Secretaria Municipal da Segurança Cidadã (Sesec), atendeu 626 servidores que foram afastados por suspeita ou confirmação de Covid-19 durante o ano de 2020 a 2021. Desse total, 252 atendimentos foram registrados neste ano. O Nusoci é responsável pelo suporte direto ao servidor nas áreas da saúde, do serviço social e da psicologia.
Os entraves para a chegada de mais lotes da vacina tornam a imunização em massa mais distante. A prioridade do atendimento recai sobre guardas municipais que moram na Capital. Os profissionais que moram e atuam na Região Metropolitana ainda precisam aguardar mais um pouco, como afirma uma agente que já teve Covid-19 e agora está trabalhando de casa.
“Eu não recebi ainda a primeira dose porque, segundo os meus superiores, não resido na Capital. Acho injusto, pois trabalho em Fortaleza. E me preocupo em saber quando poderei tomar a vacina, pois até o momento não temos nenhuma posição da Prefeitura no município em que moro”, desabafa a guarda.
Embora a vacinação já tenha começado, a agente afirma que, no setor em que ela trabalha, ninguém foi vacinado ainda: “Não conheço ninguém onde trabalho que já tenha tomado a vacina. Nem de colegas que trabalham em outros setores, mesmo sendo na Capital”.
Espera e temor
Um segundo guarda ouvido pela reportagem também aguarda ser vacinado: “Já saiu uma lista de vacinação de servidores estaduais e municipais a serem vacinados agora em maio. Contudo, não estou na relação. Pelos comentários que ouvi tem outra relação, mas também não estou nela, acredito que não vou estar em nenhuma, porque não moro em Fortaleza”.
Embora afirme ter recebido o kit de prevenção da Guarda Municipal, o profissional alega não se sentir seguro para retornar ao local de trabalho. Ele reforça a importância de os profissionais serem imunizados: “Acho imprescindível pelo fato de que o serviço de segurança pública não pode parar nem mesmo reduzir efetivo de enfrentamento”.
A Guarda Municipal de Fortaleza ressalta que tem tomado medidas para evitar a proliferação da Covid-19 entre seus servidores, como a sanitização e desinfecção de suas bases e viaturas por meio de empresas especializadas. Além disso, a instituição afirma fornecer produtos de higiene e limpeza, como álcool em gel, luvas descartáveis e sabonete para as equipes, bem como máscaras de tecido e protetores faciais.
Foto: Prefeitura de Fortaleza.
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