Campanha: escola tem se tornado um espaço violento e opressor

Surgida em 1999, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação (Campanha) tem como objetivo somar diferentes forças políticas em favor da defesa e promoção dos direitos educacionais. É considerada a articulação mais ampla e plural no campo da educação no Brasil, com centenas de grupos e entidades distribuídas por todo o país. Em nota, a rede denuncia o cenário que torna propício casos com o de Sobral (CE) e Barreiras (BA) em que alunos são baleados dentro das escolas. Confira o texto na íntegra:

“A Campanha Nacional pelo Direito à Educação lamenta profundamente a tragédia ocorrida na manhã de hoje, 05 de outubro de 2022, que resultou em três adolescentes baleados na Escola Estadual Professora Carmosina Ferreira Gomes, no bairro Sumaré, em Sobral/CE. Todos, vítimas e atirador, são adolescentes de 15 anos que cursam o primeiro ano do ensino médio. Um deles está em estado grave. A arma de fogo utilizada está registrada em nome de um CAC, familiar do adolescente.

Foram nove dias entre o tiroteio que resultou na morte da estudante Geane da Silva Brito na Escola Municipal Eurides Sant’Anna, no município de Barreiras, no oeste da Bahia e o dia de hoje em Sobral/CE. Nove dias!

A violência nas escolas é reflexo de um conjunto de problemas estruturais na sociedade brasileira que têm sido amplificados por comportamentos e atitudes diametralmente opostos à construção de uma cultura de paz e estimulados por programas do atual governo como a educação militarizada e a política armamentista vigente. A escola tem se tornado um espaço violento, opressor, que coíbe o pensamento crítico, a autonomia e a cultura da paz.

Aliada a esse modelo educacional extremamente retrógrado e autoritário, soma-se a política bélica propagada pelo governo Bolsonaro que promove o armamento da população, contrariamente aos avanços em termos de políticas de segurança pública.

É inegável que o momento é de dor, de insegurança e a Campanha se solidariza com os familiares, amigos, trabalhadores da instituição de ensino e estudantes. Entretanto, o ataque de hoje e o contexto em que se insere precisam, necessariamente, ser objeto de nossa reflexão e ação, passando obrigatoriamente pelo debate sobre o fim da militarização das escolas, do desarmamento da sociedade, da ausência do Estado na promoção da segurança pública, da proteção e sobre saúde mental de sua população.

Um jovem vítima de bullying não deveria ter como opção desejar e realizar a morte de seus colegas de classe. Por isso insistimos sobre a importância de uma discussão séria, que envolva toda a sociedade brasileira sobre a necessidade de políticas públicas sólidas a favor do desarmamento.

Assina
Andressa Pellanda
Coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação”

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