Por Ricardo Moura
Em 12 de agosto, o Blog Escrivaninha trouxe com exclusividade o relato de que os jovens de alguns bairros estariam deixando de se vacinar contra a Covid-19 por medo de sofrerem represálias das facções criminosas. Nesta semana, a informação é que até mesmo adultos e familiares dos jovens compartilham desse temor. Ainda não há um protocolo de segurança por parte da Prefeitura de Fortaleza para lidar com essa situação de vulnerabilidade. As filas são longas e a exposição é permanente tanto no trajeto quanto na espera. A falta de orientação e o medo são uma constante. “Diversas pessoas mais velhas ainda não foram tomar a vacina com medo. Muitas delas por terem filhos e netos envolvidos no mundo do crime”, afirma uma fonte ouvida pela reportagem.
Um dos casos descritos é o de um morador que tentou se vacinar no Centro de Eventos do Ceará e foi barrado. O homem é morador do Serviluz , território sob o comando dos Guardiães do Estado (GDE). A vacina foi agendada para o lado oposto do litoral de Fortaleza, no bairro do Pirambu, território pertencente ao Comando Vermelho. Ele buscava um local mais seguro para se imunizar, mas não conseguiu. A fonte comenta o ocorrido: “O morador está indignado porque foi tanto ao posto perto de casa quanto ao centro de eventos, explicou a situação, mas nada puderam fazer”, afirma.
“Ele preferiu não ir tomar a vacina porque ficou com medo de ser abordado e ser interrogado de que bairro ele é. Tentou por dois dias seguidos tomar a vacina no Centro de Eventos e no posto próximo de casa, mas eles nada puderam fazer. Ele decidiu não ir tomar mais a vacina agora e esperar a repescagem. É rezar pra que seja perto de casa. Caso não, ele vai ficar sem se imunizar novamente”, explica.
Em conversas reservadas, os técnicos questionam a logística empregada para a distribuição dos locais de vacinação. Conforme o Blog apurou, a reclamação é que a estratégia utilizada não leva em consideração as realidades locais, características com as quais os agentes comunitários de saúde, por exemplo, estão mais acostumados a lidar, haja vista estarem presentes de forma recorrente no dia a dia das comunidades.
O POVO repercutiu o teor da reportagem do Blog Escrivaninha em seu portal. Assim como aconteceu com nossa equipe, a Prefeitura não se pronunciou oficialmente sobre o caso.
Sobre a campanha de vacinação
Em Fortaleza, os adolescentes de 12 a 17 anos começaram a ser vacinados nesse último fim de semana. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 26% do público cadastrado nessa faixa etária foi imunizado entre sábado e domingo.