Luto e indignação marcam rotina de escola indígena após morte de diretor 

Versão divulgada sobre motivação da morte do educador é contestada. Polícia segue investigando o caso, que ocorreu no último dia 4

Por Luiza Vieira

A rotina dos alunos e professores que compõem o corpo escolar da Escola Índios Tapeba, localizada no bairro Capuan, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), sofreu grande impacto desde o último dia 4, quando o diretor daquela unidade de ensino, Geraldo Barbosa da Silva Filho Tapeba, foi assassinado em frente à instituição. O educador deixa uma esposa e duas filhas. 

Em entrevista ao Blog, nesta quinta-feira, 14, o professor Coordenador de Ensino (PCE) da escola, Tiago Tapeba, relatou que assumiu, temporariamente, o posto que até então era ocupado por Geraldo. “Eu estava em sala de aula, sou professor da área de humanas. Este ano, a convite do diretor-geral e de algumas lideranças, eu aceitei assumir o cargo de PCE da escola”, seguiu. “A perda do diretor, que é algo bem precoce, bem prematuro, foi um impacto muito grande”. 

Geraldo, conforme explica Tiago Tapeba, assumiu a diretoria-geral da escola em 29 de janeiro deste ano. Com a tragédia, ele afirma que o corpo docente está analisando nomes para substituir o então diretor. “A gente espera que seja alguém da escola ou alguém que foi diretor em anos anteriores”, explica. 

Quando questionado acerca dos motivos que possam ter levado à morte de Geraldo, o coordenador justificou que até hoje a comunidade se pergunta o porquê, vide a boa relação que o diretor tinha com os moradores da comunidade. 

“Ele era uma pessoa muito querida por todos da escola e da comunidade. O que aconteceu nesse fato é que, dentro da escola, ele teve uma passagem muito rápida, porque era diretor de outra escola, a cerca de 800 metros daqui”, prosseguiu. “A gente desconhece o motivo, o que temos até agora são só especulações”. 

Escola não era ponto de venda de drogas

No que tange ao comércio ilegal de entorpecentes, uma fonte que prefere não ser identificada informou ao Blog que as informações que estão sendo veiculadas na imprensa são “uma distorção da realidade”, visto que “a escola não passou por essa situação em nenhum momento”. 

“O que foi publicado na mídia são informações distorcidas que dizem que estava havendo tráfico de drogas dentro da instituição e que ele (Geraldo) como diretor era contra esse comércio e aí assassinaram por esse motivo. Isso é uma falácia que colocou a imagem da escola de uma forma negativa”, explicou. 

A declaração faz referência a informação que foi repassada pela imprensa, em que se especula que a morte de Geraldo foi encomendada por um chefe de facção que não aceitava a decisão do educador de proibir o comércio ilegal de entorpecentes nas escolas da comunidade.  

Luto e homenagem

Em respeito ao diretor da instituição e à família dele, a comunidade educativa decretou uma semana de luto. Conforme explica o coordenador, o retorno das aulas contou com um momento de oração e espiritualidade, homenageando o educador.

“Nós estamos tentando retornar, mas com aquele sentimento de perda muito forte. A gente tem que retornar, infelizmente, e isso torna tudo mais difícil. A gente está pensando em homenagear ele no dia do aniversário de 34 anos da escola, no dia 24 de abril. Colocar essa passagem dele como algo positivo”, acrescentou Tiago Tapeba.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou, em nota encaminhada ao Blog, que “as Forças de Segurança seguem em diligências visando capturar os suspeitos do crime” e que, “mais informações serão repassadas em momento oportuno para não comprometer os trabalhos policiais”. 

Crédito da foto: Luiza Vieira.

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