Ciro afirma que jovens são reféns da “universidade do crime” e pede tempo a Elmano na segurança

O ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), participou de uma palestra sobre Direito e Segurança Pública promovida pela Comissão de Segurança Pública da OAB, na última quarta-feira, 21, na sede da entidade. Ex-governadores do Estado serão convidados a participar

Por Luiza Vieira

O ex-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), participou de uma palestra sobre Direito e Segurança Pública promovida pela Comissão de Segurança Pública da OAB, na última quarta-feira, 21, na sede da entidade. Ciro Gomes comentou que o panorama do domínio territorial por facções criminosas no Ceará e no Brasil não vai se resolver apenas com policiamento, mas sim com a introdução de tecnologias no Estado. Ele explicou ainda que, dos 1,38% do Produto Interno Bruto (PIB) gastos com segurança pública, apenas 2% são destinados à inteligência policial no Brasil.

“O Brasil gasta 2% do pífio orçamento que gasta com Segurança Pública com inteligência. Por que isso é óbvio? De novo, porque a polícia local não tem como resolver o problema de facção criminosa, porque ele é um trabalhador cuja família mora nas circunstâncias do baronato que domina o território”, mencionou o pedetista. 

Quando questionado pelo Blog sobre o panorama da segurança pública na gestão do governador Elmano de Freitas (PT), Ciro afirmou que “ainda é cedo” para avaliar o cenário e que o opositor “ainda tem tempo” para mostrar serviço. “É muito cedo. O Elmano é uma boa pessoa, tenho dele a melhor impressão. Eu conheço ele de longa data, acho que tem boa intenção. Agora, ele recebeu um conjunto de desafios muito graves e tem um tempo para resolver”, pontuou. 

Durante o encontro, o pedetista pontuou as principais causas que levam jovens e adolescentes a se inserirem no mundo do crime e afirmou que o primeiro delito que esses indivíduos cometem não está diretamente ligado à violência, mas sim à prática de um consumismo não “realizado”. 

“Imagina o que é a esmagadora propaganda consumista sobre as periferias. E o garoto que deseja ter um iPhone, que deseja ter um tablet, que deseja ter um videogame, que deseja ter um tênis, uma camiseta de marca, que são os elementos simbólicos desse padrão do nacional consumido, e não tem nem remotamente para si, nem para sua família, renda para isso”, prosseguiu. “É toda uma geração de frustrados e só tem um setor que está oferecendo, objetivamente, uma renda completamente ilusória, que é a distribuição da droga”. 

O político acrescentou que a geração que lutou contra as represálias da ditadura “apropriou-se de uma aversão psicológica” ao assunto segurança, uma vez que, naquela época, o tema estava diretamente associado à repressão a serviço da ditadura. “Porque segurança, para nós, naquela data, era a repressão a serviço da ditadura. Talvez, essa é uma hipótese que eu estou sustentando, não haja sensibilidade nos estratos superiores do decidir político no Brasil para esse grande, massivo, popularmente massivo drama que é a percepção do povo de que a violência e a insegurança campeiam e que a impunidade é o prêmio para a violência em torno”. 

Como consequência do domínio territorial das facções criminosas, Ciro aponta que, nos últimos 25 anos, nenhuma instituição nova se criou para fazer face a essa inovação do fato social e político, e que muitos jovens negros e pobres se tornam reféns da “Universidade do Crime” devido ao tráfico de pequenas quantidades de drogas.

“Nenhuma inovação, a não ser essa impertinência a qual eu atribuo, ainda que, claro, involuntariamente, à produção do exército de reserva das facções, que é a repressão do jovem negro e pobre por crimes não-violentos, no primeiro momento. Mas na hora que ele é apenado, porque transportava 200 gramas, 300 gramas, meio quilo de droga, ele vai para a Universidade do Crime. E na primeira noite, para quem conhece a vida, como eu sou obrigado a conhecer, na primeira noite do presídio, ou ele se filia na facção, ou vai ser seviciado”, explicou.

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