Aulas são suspensas por professores após ameaça de morte em escola municipal

O Blog apurou que o local onde a escola está sediada é dominado pela facção Guardiões do Estado (GDE), enquanto o pai da criança é membro do Comando Vermelho (CV), um grupo rival. 

Por Luiza Vieira

Na manhã da última segunda-feira, 16, um grupo de professores de uma escola da rede municipal de ensino, localizada no bairro São João do Tauape, decidiu não ministrar as aulas previstas após um homem tornozelado ameaçar de morte os docentes e os empregados da unidade escolar. Hoje, a segurança do local foi reforçada pela Guarda Municipal. Pais de alunos se queixam da interrupção das aulas. O nome do estabelecimento será preservado. 

De acordo com uma fonte ouvida pelo Blog, o homem chegou à unidade escolar, por volta das 6h30min, alegando que a filha estava sendo agredida por outros alunos da escola. “No caso, é ao contrário. Ela é uma criança que apresenta um comportamento difícil”, explicou um profissional da escola que pede pra não ser identificado. 

“Ele disse que ia matar todo mundo porque a filha estava sendo agredida. Não é a primeira vez que ele faz isso. No ano passado foi do mesmo jeito e a principal causa nem é a criança em si, mas é a família que não aceita os limites escolares”, explica o profissional. 

O Blog apurou que o local onde a escola está sediada é dominado pela facção Guardiões do Estado (GDE), enquanto o pai da criança é membro do Comando Vermelho (CV), um grupo rival. 

Conforme o blog apurou, no momento em que o homem ameaçava os professores de morte, outro pai, que reside nas proximidades e faz parte da facção GDE, soube da situação e “disse que era melhor resolver do jeito deles”, ou seja, convocando uma suposta disputa entre grupos criminosos. 

“Depois disso, a mãe da menina falou pro marido (que ameaçou os professores) para chamar o grupo dele, já que estavam chamando pra resolver do jeito deles”, informou a fonte. 

Diante do eventual cenário de confronto, o corpo docente da escola acionou a Polícia Militar, a Secretaria Municipal de Educação (SME) e o Conselho Tutelar a fim de evitar que a discussão ganhasse outras proporções. 

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que o homem e as vítimas foram conduzidas para o 4º Distrito Policial (4º DP), onde foram realizados os procedimentos cabíveis. Conforme a pasta, não houve interesse em representar criminalmente contra o suspeito.

Diante do cenário, alguns dos professores da escola optaram por não dar aulas e somente retornar às atividades depois que a menina for transferida para outra escola. “A secretaria diz que tá tudo normal, mas nós, temendo o pior, decidimos suspender as aulas”, disse o profissional. 

“A SME diz que o direito à escola ela (a menina) tem, mas que precisa aguardar até que surja uma vaga em outra escola. Acredito que tenha vaga, mas, por causa das eleições, o processo eleitoral tem mais peso que a vida da gente”. 

A secretaria afirmou que acompanha o caso e informou que “as atividades da escola estão mantidas e que a Célula de Mediação Social e Cultura de Paz encontra-se no local, realizando trabalho de escuta ativa na unidade”. A pasta reforçou que um efetivo da Inspetoria de Segurança Escolar (ISE) foi acionado e se dirigiu ao local.

Falta de segurança facilita entrada na escola 

Ao Blog, uma profissional que compõe o corpo docente da escola informou que a falta de agentes de segurança na unidade facilita a entrada de pessoas desconhecidas no local, como foi o caso do homem tornozelado. 

Ela pontua que as câmeras de monitoramento nas áreas externas e internas da escola estão sem funcionar e que os seguranças só atuam de madrugada, no local. “Aqui não tem segurança patrimonial e muito menos câmeras. As câmeras de segurança estão sem funcionar há muito tempo. Os agentes que têm são os que ficam no prédio. Eles entram de madrugada e saem quando dá cinco horas da manhã”, explica. 

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