Uma gestante, Estefani Maria de Jesus, e seu cunhado, Francisco Ozório Oliveira, foram assassinados a tiros pelo ex-companheiro, Antônio de Sousa Valença, conhecido na localidade como Itamar da Cerâmica
Por Luiza Vieira
Em abril de 2022, um crime cometido no município de Assaré, no interior do Estado do Ceará, gerou repercussão entre os moradores da cidade. Na noite daquele dia 2, uma gestante, Estefani Maria de Jesus, e seu cunhado, Francisco Ozório Oliveira, foram assassinados a tiros pelo ex-companheiro dela, Antônio de Sousa Valença, conhecido na localidade como Itamar da Cerâmica. Os dois haviam se separado há cerca de oito meses.
Conforme o inquérito policial do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), o homem teria assassinado a ex-mulher por não aceitar o fim do relacionamento. “De acordo com o apurado, o indiciado, por não aceitar o fim do relacionamento, e por saber que sua ex-companheira estaria grávida do Sr. Antônio Marcos, ora vítima de tentativa de homicídio, dirigiu-se até a residência da vítima, Sra. Estefani, e sem nenhuma discussão, desceu do veículo e apontou a arma de fogo em direção a Sra Estefani e seu atual companheiro, Antônio Marcos”, consta no documento emitido à época.
Todavia, apurações recentes sinalizam que o crime foi cometido porque o então namorado de Estefani, Antônio Marcos, havia estuprado a filha mais velha da mulher, que tinha 12 anos à época.
De acordo com o advogado criminalista Vinícius Ramos, responsável pelo caso desde dezembro de 2022, Itamar teria descoberto que o amigo, Antônio Marcos, teria tido relacionamento sexual com a filha do casal nos momentos em que Estefani não estava em casa. “Ela teve um caso com Marcos durante mais de um ano e ele, seu Itamar, um dia ia voltando pra casa e presenciou os dois juntos dentro do carro. Em seguida, Estefani tomou o rumo pro Rio de Janeiro, passou três meses lá, deixando os dois filhos na cidade cearense. E, quando ela retorna, o Itamar aceita que eles retornem para cidade”, disse a defesa.
Contudo, logo após o casal retornar ao Estado, a casa do homem foi assaltada a mando de Antônio Marcos. Na mesma data, a filha de Itamar e Estefani relatou ao pai que o namorado da ex-esposa havia cometido o crime de estupro contra a criança. “O Itamar havia tido uma conversa com o Antônio Marcos, na qual ele havia pedido para que o homem não desse em cima da filha dele, o cara se afastou, depois ele se aproximou de novo da família, visto que era amigo do seu Itamar”, seguiu.
O escritório Vinicius Ramos e Hélio Leitão das Chagas representam o acusado Antônio de Sousa Valença.
O crime
Conforme o relato da defesa, antes de cometer o assassinato de Estefani e Ozório, Itamar e Marcos haviam conversado por meio de uma ligação. A chamada gerou desentendimento entre ambos, visto que o eventual motivo da discussão seria o estupro da filha do casal.
Após isso, o indiciado dirigiu-se até a residência da vítima, Estefani, e sem proferir uma palavra, desceu do veículo e apontou a arma de fogo em direção à mulher e seu atual companheiro, Antônio Marcos. Neste momento, o denunciado realizou o primeiro disparo contra Antônio Marcos, atingindo-o pelas costas. O namorado da vítima conseguiu, mesmo alvejado, fugir pelos fundos da residência.
Francisco Ozório, ao ver seu irmão ser atingido, tentou retirar a arma das mãos do indiciado, momento em que também fora baleado, caindo ao chão. Estefani correu para ajudar Francisco Ozório, e foi atingida com um disparo do lado esquerdo do peito. Itamar ainda foi até o fundo do imóvel procurar Antônio Marcos, a fim de dar seguimento ao crime, no entanto, não o encontrou e deixou o local.
“Ao retornar para o veículo e empreender fuga, o denunciado ao passar por Francisco Ozório, que já estava caído ao solo, realizou ainda dois disparos de arma de fogo. Estefani e Francisco Ozório foram socorridos e já chegaram sem vida ao Hospital Municipal. Estefani estava grávida de Antônio Marcos”, consta no relatório do MPCE.
Contudo, a defesa de Itamar reitera que “o último disparo alvejou a ex-companheira do acusado e reforça que a informação que ele ao final efetuou mais dois disparos contra Ozório não foi confirmado na Instrução e sim Antonio Marcos ameaçando testemunhas”.
Itamar encontra-se preso desde dezembro de 2022, após oito meses em fuga.
O advogado do acusado afirma que “ a argumentação da defesa é destinada ao Tribunal de Justiça, haja vista que a motivação foi ignorada pelo Ministério Público do Estado do Ceará e Juízo”.
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