Mistério marca desaparecimento de adolescente em Maracanaú

Por Vivian Sales*

Moradora do bairro Timbó, no município de Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), Dayse Kelly Machado de Melo, de 15 anos, está desaparecida desde o dia 30 de outubro de 2020. A última informação sobre o paradeiro dela era a de que a jovem havia saído para se encontrar com um rapaz, conhecido apenas como Felipe, no município de Horizonte. Os dois teriam se conhecido por meio das redes sociais e, então, marcaram o encontro. Desde essa data a família não tem mais notícias sobre onde a jovem está.

Boletins de ocorrência foram registrados na Delegacia da Mulher e no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa Desaparecida (DHPPD). A situação se agrava pelas limitações impostas pela pandemia. Em um dos contatos em busca de auxílio, a mãe da adolescente teria ouvido, de um policial, que não poderia classificar o caso como homicídio, pois não “haveria corpo” e nem como desaparecimento, pois a vítima teria “saído de casa com as próprias pernas”.

Segundo informações de uma tia da adolescente, dois dias depois que a sobrinha saiu de casa, algumas mensagens chegaram até o celular da mãe dela, sendo de um número desconhecido. Supostamente Dayse estaria usando o celular de seu namorado, pois, segundo o relato, o celular dela estava quebrado. A mensagem informava que a adolescente estava feliz e que a família não se preocupasse, haja vista que ela iria morar com Felipe em Horizonte. Não havia, contudo, qualquer evidência de que o destinatário fosse realmente a jovem desaparecida.

A mãe saiu em busca de informações, mas não conseguiu nada que pudesse confirmar o paradeiro de sua filha. Novas mensagens são enviadas de forma esporádica a partir do que se supõe ser o telefone celular de Felipe. No entanto, a família se queixa de não receber fotos atualizadas da jovem nem ao menos poder fazer uma videochamada com ela.

Em dezembro do ano passado, familiares de Dayse retornaram a Horizonte e começaram a perguntar pela jovem, mostrando fotografias e conversando com moradores da região. Na ocasião, ela travou contato com um relato semelhante, de uma jovem que também estava procurando por um Felipe. Mas tanto a descrição não batia quanto o episódio ocorrera semanas depois do desaparecimento da filha.

Facção e condomínio


A família conta, a partir de informações que teriam obtido da Delegacia Metropolitana do Horizonte, que Felipe é uma pessoa conhecida no município, possuindo envolvimento com facção. Até mesmo a provável moradia dele é conhecida: o Condomínio José Lino da Silveira IV, no bairro Planalto Horizonte. Segundo a família, um dos principais entraves para que se possa chegar à adolescente é a indefinição sobre quem deve assumir o caso: se a Delegacia Metropolitana de Horizonte, local de seu último paradeiro; o 21º Distrito Policial (Conjunto Timbó), situado no bairro onde a família mora ou o próprio Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa Desaparecida.

Há diversos relatos sobre como organizações criminosas controlam o acesso a tais condomínios, decidindo até mesmo quem deve morar e quem deve ser expulso de tais imóveis. Levantamento realizado em 2018 pela Defensoria Pública do Ceará revelou que 131 famílias foram expulsas de suas residências, incluindo nessa contagem os conjuntos habitacionais, a mando do crime organizado.

Delegacia de pessoas desaparecidas

A Polícia Civil orienta a população que formalize os casos de pessoas desaparecidas de imediato, sem a necessidade de aguardar um prazo mínimo para a comunicação. Para isso, o denunciante pode registrar um Boletim de Ocorrência na Delegacia Eletrônica, no campo Desaparecimento de Pessoa., fornecer o máximo de informações possíveis sobre o desaparecido e enviar uma fotografia recente.

A população também pode colaborar com o trabalho policial ligando para o número (85) 3257-4807 ou para o WhatsApp do DHPP, por onde podem ser enviadas fotos, áudios e vídeos. O contato também pode ser realizado pelas redes sociais, por meio do Facebook e do Instagram. Não é necessário se identificar. O sigilo da fonte é garantido.

Crédito da foto: arquivo da família.

* Vivian Sales é jornalista e colaboradora do Blog Escrivaninha.

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